Subsídio para a lição do dia 13 de Janeiro de 2013.
Texto base: Deuteronômio 6.6-9.
Verdade aplicada: A Educação cristã deve promover entusiasmo, ânimo e vida cristã em abundância.
A Paz do Senhor Jesus leitores! Bons temas nesse trimestre! Para o tema do próximo domingo levantamos no subsídio abaixo não só a iportância da educação cristã, mas alguns pontos onde nós podemos atualmente melhorarmos para uma educação cristã eficaz. Deus abençoe e bons estudos!
“João
6.45 nos mostra que quando a conversão nasce do ensino e não apenas da
pregação, os resultados são certos e perenes. Paulo deixou claro que,
prioritariamente, a função das Escrituras é o ensino do povo de Deus (Rm
15.4)” [1]
Não
é muito difícil perceber, que a relação do ensino e o seu papel no
cumprimento da Grande Comissão, não é ativa e verdadeiramente eficaz,
mesmo na era da informação fácil, através de internet e a maior
existência dos programas evangélicos, desde as correntes mais
tradicionais até as pentecostais e neopentecostais ocupando um maior
espaço na TV aberta. Mesmo levando em consideração que em muitas igrejas
ainda existe o abençoado departamento da escola bíblica dominical, que
segundo historiadores, foi iniciado por Robert Raikes, que viveu entre
1785-1811, iniciando este trabalho com as crianças de cortiços na
Inglaterra, e hoje é ainda referência de ensino em muitas denominações
cristãs. O ensino cristão ainda não tem desempenhado o seu papel de modo
eficaz mesmo na era moderna, onde há cultos de ensinos, seminários
teológicos, cursos de reciclagem para professores da EBD e numa época em
que a literatura evangélica tem atingido um impressionante espaço.
Por
quê? Apesar deste maravilhoso contexto que a igreja evangélica moderna
brasileira vive, grande parte dela apresenta uma séria deficiência na
área de educação cristã, manifesta em pelo menos três áreas, e que afeta
diretamente o desempenho bíblico da grande comissão, que podem ser
assim delimitados para melhor entendimento: 1) O conteúdo do ensino
apresentado; 2) O individualismo cristão e 3) Uma compreensão errada no
objetivo da educação cristã.
O CONTEÚDO DO ENSINO APRESENTADO
Basta
uma rápida observação dos programas evangélicos cristãos da igreja
moderna, para constatarmos que há uma discrepância do ensino de
determinadas denominações evangélicas e os ensinos fundamentais da
Palavra de Deus. Uma hermenêutica incorreta dos textos sagrados tem dado
base para justificar biblicamente as filosofias humanas e seus desejos
pessoais. Diante deste quadro temos ouvido alguns ensinos que levam o
cristão a uma vida alienada dos princípios bíblicos, como por exemplo,
em um destes programas de TV, uma pregadora ensinava que as promessas
que Deus tinha prometido para Abraão eram riquezas materiais e como nós
somos hoje filhos de Abraão, temos sim a promessa para ficar ricos, como
tentativa de justificar a teologia da prosperidade. Na maioria dos
púlpitos evangélicos, vemos que o conteúdo dos ensinos tem sido
deficiente, levando em conta que biblicamente, a pregação contém ensino,
como vemos, por exemplo, em Jesus e nos apóstolos. Muitos pregadores da
igreja evangélica moderna trocam a mensagem bíblica por
“emocionalismos” e “palavras de bênçãos” e “palavras de vitória” que
mais mexem com o ego e as emoções dos ouvintes.
A ausência do ensino cristão arma o palco para a apostasia. (ver Hb 6.1ss) [2]
Até
mesmo nos hinos, que são outra forma de transmitir um ensinamento, são
carentes de base bíblica, e cheias de um triunfalismo que transformam o
SENHOR E DEUS num mero cedente dos desejos dos crentes. É
urgente um retorno ás Escrituras. O ensino faz parte da ordem de Jesus
para cumprirmos a grande comissão, com o objetivo de fazermos
discípulos:
Portanto, ide, ensinai todas as nações,... Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado. [3]
Podemos
ensinar através de palavras, pelas mensagens dos hinos, até mesmo pelo
nosso exemplo, mas o conteúdo deste ensino deve ser bíblico, evangélico e
cristocêntrico. A mensagem de
Jesus e dos apóstolos, bem como da igreja primitiva, apesar de estar
inserida em um contexto sócio-cultural, era evangélica e cristocêntrica.
Jesus Cristo e seus ensinamentos nunca podem deixar de ser à base do
ensino cristão, pois este tem por objetivo fazer discípulos do Senhor
Jesus Cristo, e não de qualquer líder ou denominação. No discipulado
cristão deve haver um ensino claro e verdadeiro das Escrituras em temas
quanto ao pecado, o plano da salvação, da pessoa de Cristo, Espírito
Santo, justificação, perseverança em meio ao sofrimento, a esperança do
crente, santificação, enfim, tudo relacionado à pessoa de Jesus Cristo e
sua obra:
E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo. [4]
Esta negligência dos pentecostais com o ensino, por exemplo, é histórica. Rick Nañez em seu livro Pentecostal de coração e mente,
mostra de forma contundente que as raízes do antiintelectualismo
pentecostal vêm desde seu fundador, Charles Parham, que recusava outro
tipo de ensinamento ou comentário ou interpretação de estudiosos
históricos na exposição bíblica. Ele via todos aqueles antes dele como
indignos de confiança em termos de ensino doutrinário e exposição
bíblica.[5]
Sua escola, a Bethel Bíble School, fundada em 1900, tinha em seu
currículo basicamente da leitura da Bíblia e de apresentação de
comentários pessoais sobre vários textos bíblicos. Este tipo de
pensamento ainda é presente na vida de muitos cristãos pentecostais e
neopentecostais que quando são confrontados com a necessidade de
conhecer e estudar as doutrinas das Escrituras Sagradas se esquivam
respondendo “eu aprendo com o Mestre” ou “Teologia deixa o crente frio
irmão” ou ainda “É o Espírito Santo que me revela a palavra”. Este modo
de pensar tem levado os cristãos a darem mais valor as suas experiências
pessoais, do que aos ensinamentos da Palavra de Deus. Como fazer
discípulos de Jesus Cristo baseando-se apenas nas experiências
espirituais e individuais? Sem dúvida o povo de Deus ainda hoje se perde
por falta de conhecimento[6], e isto está presente na mensagem e ensinamentos de grande parte da igreja evangélica atual.
INDIVIDUALISMO
Outro
fator que podemos listar como ‘pedra de tropeço’ do verdadeiro papel do
ensino no cumprimento da Grande Comissão é o individualismo. Não
é individualidade – o caráter especial, particularidade ou
originalidade de uma pessoa -, mas individualismo – conduta egocêntrica,
onde o indivíduo se considera como a realidade mais essencial ou
elevada.
Este
tipo de comportamento é abundantemente presente no cristianismo atual,
podendo ser atribuído aos ensinamentos atuais onde a teologia da
prosperidade e o egocentrismo tem estado constantemente presentes nas
mensagens evangélicas de grande parte da igreja moderna. É também
característica da maioria dos membros das grandes igrejas, das massas,
dos grandes ajuntamentos e reuniões, que logo após o término das
reuniões, cada um segue a sua vida. Não existe aquela comunhão. É também
conseqüência do próprio comportamento de muito de seus líderes que
ministram ao povo em grandes reuniões ou em seus programas de rádio e
TV, porém são acessíveis apenas a um seleto grupo, longe da maioria dos
membros das denominações que representam.
Este
comportamento expresso por tais líderes influenciam seriamente na vida
de seus membros, que passam a adotar atitudes semelhantes e deixam de
participar de uma vida de comunhão, onde uns aos outros se exortam e
levam as “cargas uns dos outros” [7] no caminho da fé e do discípulo cristão.
Creio
que se estivesse vivo hoje, Richard baxter (1615-1691) seria um
verdadeiro João Batista pregando no deserto contra o modo como o
ministério pastoral é exercido por muitos nos dias de hoje, sobre tudo
em relação ao ensino cristão. Ele exerceu um importante ministério de
ensino na Inglaterra, em Kidderminster, um vilarejo com cerca de 2 mil
pessoas e em torno de 800 lares, “um povo ignorante, rude e dado a
folia”[8]
que foi abençoada com seu ministério pastoral de aconselhamento pessoal
e discipulado, dando uma grande contribuição para melhorar a prática da
instrução pessoal. Baxter podia com autoridade incentivar através de
seu exemplo outros pastores seguirem seu exemplo na prática do
ministério pastoral. Exortações como estas eram dadas aos seus alunos no
ministério pastoral, que parecem profecias dos tempos que vivemos hoje:
“Irmãos,
se a salvação das almas for realmente a sua missão para a glória de
Deus, certamente desejarão realizá-la tanto no púlpito quanto fora dele.
(...) Entretanto, se os senhores apenas almejam o ministério do
púlpito, não serão ministros exceto quando estiverem pregando. Nesse
caso, não serão dignos do respeito devido aos ministros de Cristo.” [9]
“Em
vez do ajuntamento de tantos pastores sem Igreja nos grandes centros,
providenciariam mais pastores nas Igrejas, a fim de permitir o trabalho
mais pessoal e familiar. Enquanto houver tantos pastores carnais que
pretendem ser “donos” de Igrejas, os líderes eclesiásticos não terão
maior motivo para ajudar no trabalho de Deus e serão tentados por tais
pastores mundanos a manter suas posições abastadas e confortáveis, em
prejuízo da Igreja.”[10]
Baxter
não estava sendo extraordinário. Apenas seguia o exemplo deixado nas
escrituras sagradas. Basta ver como Jesus gastava tempo no preparo de
seus discípulos em particular e não apenas dos doze:
“E
quando se achou só, os que estavam junto dele com os doze
interrogaram-no acerca da parábola. E ele disse-lhes: A vós vos é dado
conhecer os mistérios do Reino de Deus, mas aos que estão de fora essas
coisas se dizem por parábolas” [11]
E
este ministério do ensino ele deixou como parte principal da Grande
Comissão, para que os apóstolos e conseqüentemente a sua Igreja
ensinassem a observar tudo o que ele tinha ordenado (Mt 28.20). E depois
do pentecostes, vemos que eles seguiram este mandamento fielmente.
Pedro foi proibido de ensinar em nome de Jesus, ordem que ele não
obedeceu (At 4.18; 5.21, 24). Paulo também tinha um admirável ministério
de ensino, como vemos em diversas passagens do livro de Atos dos
Apóstolos bem como em suas demais epístolas, porém podemos ter, por
exemplo, desse zelo pessoal pelo discipulado e ensino, o conselho que
ele dá ao seu discípulo Timóteo, sobre o defender e ensinar a Palavra,
ante a sua iminente execução:
“Portanto,
não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou
prisioneiro seu; antes, participa das aflições do evangelho, segundo o
poder de Deus,... para o que foi constituído pregador e apóstolo, e
doutor dos gentios; por cuja causa padeço também isto, mas não me
envergonho, porque eu sei em quem tenho crido e estou certo que é
poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia. Conserva o modelo
das palavras que de mim tens ouvido, na fé e na caridade que há em
Cristo Jesus. Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em
nós.” [12]
Oremos
para que o Senhor da seara nos dê este coração, assim como levante
obreiros para sua obra com este espírito. Através de obreiros com este
coração na obra de Deus, a igreja terá exemplos de pessoas que seguem os
ensinamentos bíblicos sobre o discipulado, e poderá cumprir o seu papel
socializador no ingresso do novo convertido à igreja.
ERRADA COMPREENSÃO DO OBJETIVO DA EDUCAÇÃO CRISTÃ
A
educação cristã não tem o objetivo apenas de transmitir conhecimentos
teológicos para os seus ouvintes, porém tem o objetivo de levarem-nos a
uma mudança de vida, a ensiná-los a viverem o cristianismo. Ser
discípulo de Cristo, não se resume apenas em ter um bom conhecimento
teológico, porém viver imitando o Senhor Jesus, seguindo os seus passos:
Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado... (Mateus 28.20)
Pelo
que, rejeitando toda imundícia e acúmulo de malícia, recebei com
mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar a vossa alma. E
sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com
falsos discursos. Porque se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor,
é semelhante o varão que contempla ao espelho o seu rosto natural;
porque contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de como era.
(Tiago 1.21-24).
A
educação cristã será eficaz no discipulado, quando o conteúdo deste
ensino for bíblico, e a comunhão entre os irmãos servir neste propósito
de transmitir as verdades da Palavra de Deus através da comunhão e do
ensino e exemplo pessoal, tendo em vista que o objetivo principal do
discipulado não é apenas uma transmissão de conhecimentos, mas levar o
novo convertido a viver um cristianismo puro e simples, fundamentado na
Palavra de Deus, no imitar a Jesus Cristo, o verdadeiro discipulado
cristão.
Ev. Alan G. de Sá
[1] DORNAS, Lécio. Vencendo os inimigos da Escola Dominical. 2ª edição. São Paulo: Hagnos, 2002, p.17.
[2] CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. 7ª edição, São Paulo: Hagnos, 2004, p.390.
[3] Mateus 28.19-20.
[4] Atos 5.42.
[5] NAÑEZ, Rick. Pentecostal de coração e mente: um chamado ao dom divino do intelecto. São Paulo: Editora Vida, 2007, p.104.
[7] Gálatas 6.2
[8] BAXTER, Richard. Manual pastoral de discipulado. 1ªed. São Paulo: Cultura Cristã, 2008, p.9
[9] Idem, p.47.
[10] Idem, p.162.
[11] Marcos 4.10-11.
[12] 2 Timóteo 1.8, 11-14.
Paz do Senhor, Alan. Bom texto e blog. O ensino sadio é fundamental para uma uma vivência cristã. Um abraço.
ResponderExcluirMuito obrigado George Gonsalves! Obrigado pela participação! É muito importante para nós! Deus continue abençoando a sua vida!
ResponderExcluirAlan
Reciban muchas bendiciones desde mi blog www.creeenjesusyserassalvo.blogspot.com
ResponderExcluirVISITANDOLES DESDE EL SALVADOR CENTROAMERICA.